Na edição da publicação científica PLoS One, investigadores do Recherche pour le Développement (IRD), em França, dizem ter identificado o gene específico no cromossoma envolvido na esterilidade do arroz, que tem levantado alguns problemas aos cientistas no cruzamento entre espécie de arroz asiática e africana, podendo levar ao aumento da produção mundial.
O arroz é o cereal mais consumido em todo o mundo e serve de base alimentar a metade da população mundial, mas para que se mantenha esta tendência, e com o crescimento da população previsto para 2030, será necessário duplicar a produção de arroz em todo o mundo.
Para responder às necessidades alimentares da população, os cientistas investigam há anos formas de produzir mais arroz com características especiais que tornem a produção mais rentável e com maior resistência às doenças e ao clima.
Com base em informação genética decorrente da descodificação do genoma do arroz, os cientistas estão a tentar obter a espécie de arroz perfeita, tendo por base as duas espécies cultivadas, a Oryza sativa, uma espécie asiática, e a Oryza glaberrima, uma espécie africana.
Enquanto a espécie asiática é a que oferece os melhores resultados agronómicos e, por isso, é a mais comercializada, a africana contem potencialidades genéticas muito interessantes como maior resistência aos vírus da mancha amarela do arroz que provoca perdas consideráveis nas colheitas em África, aos ataques de várias espécies de nemátodos, pequenos vermes parasitas que vivem no solo, assim como alguns riscos como a tensão hídrica ou a salinidade dos solos.
Os investigadores adiantam ainda que com este conhecimento poderão identificar marcadores genéticos que vão permitir evitar a ‘barreira reprodutiva’ entre as espécies.
Num estudo anterior, os cientistas conseguiram identificar a porção do cromossoma responsável por esta esterilidade, denominada de S1, e de acordo com os investigadores, na altura, verificou-se que este gene se produziu à vez com influência na esterilidade de machos e das fêmeas.
No trabalho agora publicado, os investigadores indicam que quando comparada a história evolutiva das espécies Oryza sativa e da Oryza glaberrima se verificaram poucas alterações genéticas, o que indicia que se ambos possuem características morfofisiológicas distintas na origem da sua domesticação, os ‘primos’ selvagens só se diferenciaram recentemente, ou seja, a sua especiação terá ocorrido há 600 mil a 700 mil anos.
Com base nos dados agora obtidos, os especialistas acreditam que poderão identificar os marcadores genéticos que permitirão ultrapassar esta ‘barreira reprodutiva’ e que desta forma poderão desenvolver subespécies férteis de arroz asiático melhorado.
De acordo com os investigadores, se forem obtidos bons resultados, a longo prazo poder-se-á cultivar as variedades melhor adaptadas ao contexto africano, onde a espécie asiática representa mais de 90% dos arrozais e com isso dar resposta efectiva que garanta a segurança alimentar da população.
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